Venda e locação fecham 2018 no azul no Estado de SP

Matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo em 23/02/2019


Depois de fecharem 2017 no vermelho, com queda nas vendas de imóveis usados e de locação de residências, os dois mercados registraram saldo positivo em 2018 no Estado de São Paulo. As vendas acumularam crescimento de 20,51% e a locação, de 3,4%, segundo as pesquisas mensais feitas em 37 cidades pelo CRECISP.

“Apesar da queda de vendas em dezembro na comparação com novembro, consequência da baixa procura por causa das férias e das festas de fim de ano, o resultado acumulado de 2018 praticamente iguala ao de 2016, o que indica uma recuperação expressiva”, compara José Augusto Viana Neto, presidente do CRECISP. Em 2016, as vendas de imóveis usados tiveram crescimento acumulado de 21,43% e a locação residencial, de 19,75%.

“Há um movimento cíclico nos dois mercados, que nem sempre caminham perfeitamente alinhados com a evolução da Economia em geral, mas o fato a destacar de 2018 é que os dois mercados mostraram capacidade de resistência e cresceram apesar do ano turbulento marcado pelas incertezas geradas pela tumultuada campanha presidencial”, enfatiza Viana Neto.

Preços em baixa
Outro fato destacado pelo presidente do CRECISP é o comportamento dos preços em 2018. O Índice CreciSP acumulou queda de 0,9% no ano. Em 2017 e 2016 ele ficara positivo em 1,23% e 4,26%, respectivamente. O índice representa o termômetro dos preços dos aluguéis novos e dos imóveis usados negociados pelas imobiliárias pesquisadas mensalmente pelo Creci no Estado de São Paulo.

“A queda de preços médios em 2018 significa que os donos de imóveis ajustaram suas expectativas à realidade e à capacidade financeira dos compradores, aceitando descontos sobre os valores pedidos tanto na locação quanto na venda e até parcelando o pagamento quando possível”, explica Viana Neto. Esse realismo que favoreceu o crescimento dos dois mercados e especialmente o de venda, segundo o presidente do CRECISP, é resultado de anos seguidos de arrocho no financiamento bancário.

“Sem ter o subsídio do Minha Casa, Minha Vida, poucas famílias conseguem guardar os valores exigidos pelos bancos para dar como entrada na compra da casa própria, em geral de 20% do valor do imóvel”, constata Viana Neto, acrescentando que a essa se soma outra dificuldade, “a dos juros que tornam praticamente impossível encaixar a prestação mensal na renda das famílias”.

O presidente do CRECISP ressalta ainda que o realismo de preços praticado pelos proprietários ajuda no crescimento das vendas e da locação, “mas é um desempenho raquítico e nanico diante das necessidades habitacionais expressas por um déficit de mais de 5 milhões de habitações”.

Os apartamentos vendidos pelas imobiliárias consultadas representaram 57,93% do total negociado e as casas, 42,07%. Desse total, 52,77% foram comprados à vista. As unidades que obtiveram financiamento bancário somaram 38,38%, e 7,01% tiveram o pagamento parcelado pelos proprietários. 

Já os imóveis mais alugados em dezembro – 54,78% do total – foram os que custarão aos inquilinos um aluguel mensal de até R$ 1.000,00. Mais da metade deles e de todos os novos contratos formalizados nessas imobiliárias – 50,49% - adotou o fiador pessoa física como garantidor do pagamento do aluguel em caso de inadimplência.