Corretor de imóveis é enganado e quase cai em golpe

O corretor de imóveis Valdir Cipriano da Silva, 53, de Bertioga-SP, foi vítima de uma emboscada e por pouco não sofreu um grande prejuízo. Estelionatários passaram-se por representantes de um oficial das forças armadas americanas e mostraram interesse na compra de imóveis de alto padrão. Para ludibriar, o grupo usou métodos idênticos ao de transações imobiliárias comuns. Apenas no final da negociação, o corretor descobriu que foi enganado, quando verificou que não havia nenhuma remessa prevista para o seu nome. Segundo relato de Valdir, os criminosos selecionaram propriedades de interesse e fizeram o primeiro contato via e-mail: "Ele entra no site, escolhe um imóvel e diz estar interessado em comprá-lo para investir. Você responde, confirma os dados e disponibilidade do imóvel e ele responde dizendo que está interessado". Mas, as primeiras pistas sobre o truque aparecem quando o suposto cliente pede para manter segredo sobre as negociações da casa escolhida no valor de R$6.400.000,00: "Ele diz que é um homem muito ocupado e me pediu para guardar o máximo de sigilo", conta. Em seguida, sócios entram na intermediação para tratar a transação financeira e pedem o número da conta para depósito: "Então ele lhe passa para os ``seus sócios``, da ``Tailândia``, para resolverem a questão do pagamento. Pedem o número da conta pessoal dizendo que vão passar uma parte do dinheiro para você providenciar a escritura, ou contrato. Pedem tudo direitinho, até mesmo o 'swift cod' (código para transferência internacional de dinheiro)", descreve o corretor. Não bastasse a emissão do recibo da transação, o grupo ainda envia um 'certificado internacional' para comprovação da liberação do valor: "Então eles te mandam o comprovante de transferência, como se fosse uma "TED" aqui no Brasil. Depois, eles enviam um 'certificado' das autoridades tailandesas (Suprema Corte) dizendo que a origem do dinheiro foi examinada e checada e está tudo certo, que o dinheiro já saiu de lá.", afirma. Quando tudo parecia se encaminhar para uma negociação de sucesso, o golpe veio à tona: "Por último, eles passam um e-mail dizendo que falta apenas o pagamento da taxa de transferência para o seu dinheiro ser liberado e você é que tem de pagar essa taxa de transferência". O suposto valor a se depositar seria de US$2.700,00. Logo, Valdir descobriu que foi enganado quando chegou ao banco e viu que não havia depósitos reservados: "Cheguei ao departamento de câmbio do banco e não tinha nenhuma remessa prevista para o meu nome". A quadrilha, que diz obter terras na Nova Zelândia e Reino Unido, utilizou o nome de 'General Joseph F Dunford Jr' para negociar e, segundo o corretor, o truque foi quase infalível: "O negócio é muito bem bolado e chega a ser bastante convincente porque você checa o nome da pessoa em fontes da internet e descobre que ela realmente é muito rica e importante. Mas, na verdade é apenas alguém usando um nome falso", complementou. Para ele, existiram fatores que contribuíram para desconfiar que o negócio era realmente um truque. Confira abaixo: 1) A transação foi fechada sem ninguém visitar o imóvel, apenas através de fotos e informações trocadas por e-mail; 2) A utilização da abreviatura 'gen' para 'general'. A sigla correta é 'gal'; 3) A supressão da letra F do nome, no documento de transferência bancária, assim como ter escrito Danford em vez de Dunford; 4) Valdir solicitou um sinal de 15% do valor do imóvel, o que daria R$960.000,00 (novecentos e sessenta mil reais). No entanto, na cópia do documento de transferência constava o valor de US$ 960.000,00 (novecentos e sessenta mil dólares). Ou seja, mais que o dobro do valor que o corretor pediu. 5) Antes de realizar a transferência do valor para liberação do dinheiro, verificou no banco que não havia remessa em seu nome. Por fim, tentou obter contato, mas não obteve resposta: "Passei um e-mail pra eles falando que havia descoberto que se tratava da tentativa de um golpe e eles não me responderam mais nada", finalizou. O presidente do CRECISP, José Augusto Viana Neto, alerta todos os corretores de imóveis quanto a possíveis fraudes e golpes: "Nós sabemos que atualmente a internet é um grande meio de comunicação e é totalmente propícia à realização de contatos para negócios. No entanto, é necessário cautela ao creditar convicção demasiada a compradores cujas informações sejam suspeitas. O CRECISP incentiva o corretor de imóveis a denunciar fraudadores que queiram tirar proveito das transações imobiliárias, a fim de prejudicar a imagem da classe e causar danos financeiros ao profissional e à sociedade".