Parcela financiada na compra de imóveis sobe para 63,2%

TATIANA RESENDE EDITORA-ASSISTENTE DE ``MERCADO`` - FOLHA DE S. PAULO Os consumidores têm realizado o sonho da casa própria com uma entrada cada vez menor. Na média, a parcela financiada chegou a 63,2% do valor do imóvel no primeiro semestre deste ano. De acordo com a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), que engloba todos os empréstimos feitos pelos bancos com recursos da caderneta, essa fatia era de 47,9% no mesmo período em 2005. Apesar da elevação, o número não traz preocupação porque, como destaca a economista da FGV (Fundação Getulio Vargas) Ana Maria Castelo, ``há rigor na avaliação do imóvel, o que deixa o sistema mais saudável``. A maior parte das concessões é feita por meio da alienação fiduciária, na qual a propriedade passa para o banco durante o financiamento, tornando a retomada mais ágil em caso de inadimplência do mutuário. Além disso, o percentual médio emprestado ainda está bem abaixo do limite oferecido pelas instituições financeiras, que chega a 90% nos bancos públicos. Para o presidente da Abecip, Octavio de Lazari Junior, a média deve atingir 67% em 2015, quando se espera que o crédito imobiliário represente 10% do PIB (Produto Interno Bruto). Atualmente, o percentual de 5,4% fica bem abaixo do dado do vizinho Chile, por exemplo. Nos Estados Unidos e no Reino Unido, esse número já ultrapassa 80%. ``Esse setor ainda está engatinhando no Brasil``, diz. AMORTIZAÇÃO Embora os bancos ofereçam aos clientes a possibilidade de pagamento do empréstimo em mais de três décadas, as estimativas da Abecip mostram que os brasileiros assinam contratos de, em média, 18 anos. Usando o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), liberado a cada dois anos, e boladas extras, como o 13º salário, a dívida é quitada em menos tempo, numa média de dez anos. ``Para o brasileiro, a compra do imóvel é absolutamente racional, muito planejada, por isso a inadimplência é tão pequena``, afirma Lazari Junior.