Por conta do início de um novo ano, o CRECISP tem recebido várias solicitações de veículos de comunicação para falar sobre os rumos que o mercado imobiliário deverá tomar em 2012. Nosso ponto de vista se baseia, especialmente, nos levantamentos que realizamos mensalmente, e que nos fornecem um verdadeiro termômetro dos negócios no Estado de São Paulo. Estamos confiantes de que em 2012, o segmento de imóveis residenciais continuará colhendo os bons frutos que têm sido cultivados ao longo das últimas décadas, principalmente no que diz respeito a maior oferta de financiamento e a taxas de juros em patamares mais condizentes com a realidade financeira dos brasileiros. Ainda há muito por fazer para que se chegue próximo de uma solução para o déficit habitacional do País. O Programa Minha Casa Minha Vida, por exemplo, está longe de resolver a questão e vem enfrentando problemas para equacionar os custos da produção de novas moradias e para evitar as diversas fraudes já denunciadas ao Ministério Público relativas à adequação dos empreendimentos ao Programa. No cenário mundial, no entanto, os ventos favoráveis ainda sopram na direção do Brasil. Se tomarmos um segmento específico - o de escritórios e lojas - na Inglaterra, por exemplo, recente pesquisa encomendada pelo governo dá conta que um em cada sete imóveis comerciais está fechado. Os grandes shoppings e lojas de departamento inglesas estão engolindo o comércio de rua e a taxa de desocupação dos imóveis dobrou nos últimos dois anos. Com isso, há uma grande chance de degradação das áreas centrais de Londres, que concentravam esse tipo de comércio. Em Portugal, a realidade também é semelhante. Dezenas de pequenas lojas fecham suas portas diariamente, não conseguindo competir com grandes shoppings, que oferecem preços mais baixos e segurança em um mesmo local. Em contrapartida, o mercado de escritórios brasileiros tem dado sinais bastante favoráveis, colocando São Paulo e Rio de Janeiro como duas cidades do mundo com as mais baixas taxas de vacância: 2,6% e 1,6%, respectivamente. O que se pode concluir é que esse segmento tem crescido em função da rápida recuperação do País após a crise mundial de 2008, somada à expansão das empresas que buscaram espaços maiores para suas instalações. Os preços também estão em alta para os imóveis comerciais do Brasil. Investidores estrangeiros e nacionais estão aplicando suas reservas em salas comerciais, com metragem que, em geral, varia de 50 a 200 metros, com a perspectiva de alugá-las a profissionais liberais de diversas áreas. Em São Paulo, em 2010 foram lançados 7.500 escritórios desse padrão. E o preço do aluguel está entre os mais caros do mundo: cerca de US$ 79,73 o metro quadrado. Há que se cuidar, no entanto, para que esse segmento não passe pelo excesso de oferta, criando uma situação de saturação e falta de demanda. Ainda não se vê no País o mesmo cenário encontrado nas principais cidades do mundo, onde - segundo levantamentos realizados por empresas especializadas - são estimados cerca de cinco escritórios para cada habitante. Em São Paulo, a conta está bem longe desse resultado: a proporção é de uma sala para cada paulistano. Com a proposta de renovação do Centro da cidade, há boas chances de que os imóveis vagos existentes sejam utilizados como moradias ou reformados para atrair novas empresas para a região. Muitas lojas também resistem na área central - reduto tradicional das compras - focadas no comércio de produtos mais populares e que, pelo menos por enquanto, conseguiram suportar bem a concorrência dos shoppings. Somado a isso, calcula-se que o mercado paulistano receberá, até 2014, 850 mil metros quadrados em novos edifícios comerciais, o que pode estabilizar os preços dos alugueis. Como se pode ver, há boas perspectivas de negócios nos diversos segmentos do ramo imobiliário. Resta aos corretores de imóveis estarem atentos às tendências que o mercado oferece, aprimorando seus conhecimentos e buscando, sempre, o equilíbrio entre a dedicação e a justa remuneração pela sua atividade.